XP compra 6,06% da Ambipar e crise de COEs despenca valor de mercado
out, 8 2025
Quando Ambipar recebeu o sinal verde da XP Gestão de Recursos para a compra de exatamente 6,06% de suas ações, poucos imaginaram que aquele movimento passivo abriria caminho para uma tempestade no mercado de renda fixa.
Contexto da aquisição
Na sexta‑feira, , a gestora de investimentos XP anunciou a compra de 6.840.400 cotas da Ambipar, representando 6,06% do capital social da companhia. O comunicado, divulgado em , deixava claro que a operação não visava mudar o controle ou a estrutura de gestão; era, antes, um investimento passivo em um setor em alta — a gestão ambiental.
Detalhes da oferta primária de ações
Coincidentemente no mesmo dia, a Ambipar lançou uma oferta primária de ações (OPA) com objetivo de reforçar seu caixa. A expectativa era movimentar mais de R$ 1 bilhão, com preço das novas ações a ser definido em . Essa estratégia buscava capitalizar a demanda crescente por soluções ambientais, ao mesmo tempo em que provideia liquidez para projetos de expansão.
Reação do mercado e posicionamento da XP
Analistas da bolsa notaram que a decisão da XP era sinal de confiança no modelo de negócio da Ambipar. Em entrevista, o diretor de investimentos da XP, Carlos Alberto de Souza, afirmou que “a participação de 6,06% reflete nossa estratégia de diversificação setorial, sem intenção de interferir na governança da empresa”. Por sua vez, o presidente da CVM destacou que a operação estava em plena conformidade regulatória.
Crise de 2025 e liquidação de COEs
Dois anos depois, em outubro de 2025, a Ambipar viu suas ações despencarem 90,5% em apenas dez pregões, evaporando cerca de R$ 11,38 bilhões em valor de mercado. O colapso desencadeou a liquidação antecipada de Certificados de Operações Estruturadas (COEs) atrelados à empresa, resultando em perdas de até 93% para investidores da XP Investimentos e do BTG Pactual.
Em comunicado interno datado de , a XP Investimentos informou a liquidação dos COEs, enquanto o BTG Pactual, em campanha de marketing, utilizava o slogan “O retorno da renda variável, com a segurança da renda fixa”. Investidores alegaram terem sido induzidos a comprar produtos que, na prática, combinavam risco elevado com promessas de proteção.
Reações e críticas de especialistas
O sócio‑fundador da Apen Capital, Saulo Godoy, comentou no programa “X” que o mercado financeiro precisa “elevar a régua em todos os níveis”. Godoy comparou o caso Ambipar‑COE ao escândalo da Braskem, chamando‑o de “absurdo em vários sentidos”. Segundo ele, a prática de embutir comissões nos produtos estruturados “delapida o cliente sem misericórdia”.
Além das perdas nos COEs, surgiram notícias de que o CEO da Ambipar, em conjunto com o investidor Nelson Tanure, pode ter perdido garantias em uma emissão de dívida vinculada à Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), de São Paulo. Segundo documentos da CVM, Tércio Borlenghi Junior e Tanure ofereceram ações da Emae como garantia para debêntures adquiridas por um fundo chamado Phoenix FIP, controlado por Tanure.
Impactos e lições para investidores
- Investimentos em setores “verdes” ainda carregam riscos de mercado e de governança.
- Produtos estruturados como COEs podem mascarar a volatilidade real dos ativos subjacentes.
- Transparência nas garantias e nas estruturas de dívida é essencial para evitar surpresas.
- Reguladores precisam reforçar a supervisão de ofertas primárias e de produtos híbridos.
Para quem acompanha o mercado de ações, a saga Ambipar‑XP funciona como um alerta: nem toda estratégia passiva garante imunidade a crises, especialmente quando há vetores de risco ligados a emissões de dívida e a produtos de renda fixa estruturada.
Perspectivas futuras
Após o abalo, a Ambipar iniciou um processo de reestruturação de sua dívida e buscou novos investidores dispostos a absorver o risco de recuperação. A XP, por sua vez, tem reforçado políticas internas de análise de risco para evitar novas situações semelhantes. Já a BTG Pactual anuncia revisão de sua linha de produtos de COE, com maior clareza sobre os mecanismos de proteção.
O que fica claro é que o mercado de capitais brasileiro está em plena fase de maturação: investidores mais experientes exigirão disclosures detalhados, enquanto reguladores deverão acelerar a atualização de normas para produtos estruturados. O futuro da gestão ambiental como classe de ativos ainda parece promissor, mas os caminhos para chegar lá são cheios de armadilhas que só quem entende as entrelinhas conseguirá desviar.
Perguntas Frequentes
Como a compra de 6,06% da Ambipar pela XP impactou os investidores individuais?
A participação da XP foi vista como um voto de confiança no setor de gestão ambiental, o que inicialmente elevou a confiança dos investidores individuais. Contudo, a crise de 2025 mostrou que, apesar da sinalização positiva, os riscos de produtos estruturados ligados à empresa podem gerar perdas severas, como ocorreu com os COEs.
O que são COEs e por que eles geraram perdas tão altas?
COE (Certificado de Operação Estruturada) combina elementos de renda fixa e variável. No caso da Ambipar, a parte variável estava excessivamente exposta à volatilidade das ações, enquanto a promessa de segurança da renda fixa não se concretizou, levando a perdas de até 93% nos investimentos.
Qual o papel da CVM na situação da Ambipar?
A CVM acompanhou tanto a oferta primária de ações quanto as emissões de debêntures garantidas por ações da Emae. Ela informou que, até o momento, não houve infração formal, mas intensificou a vigilância sobre práticas de garantias em produtos estruturados.
Quais foram as principais críticas de Saulo Godoy sobre o caso?
Godoy acusou o mercado de "delapidar o cliente sem misericórdia" ao embutir comissões e garantias em COEs. Ele defende maior transparência e punições mais severas para quem cria produtos complexos sem informar claramente os riscos.
O que esperar das próximas movimentações da Ambipar no mercado?
A empresa deve focar na reestruturação da dívida, buscar novos parceiros de capital e reforçar sua governança. A expectativa é que, com maior transparência, consiga recuperar parte do valor perdido, mas o caminho ainda está cheio de desafios.
Rafaela Antunes
outubro 8, 2025 AT 23:53Claro que a XP achou que investir 6,06% na Ambipar era puro suodr de burocracia, mas na real foi só mais um glitter de fachada. Engana quem quer.
Marcus S.
outubro 11, 2025 AT 07:26A análise da aquisição revela uma estratégia de diversificação setorial que, à primeira vista, parece alinhada aos princípios de gestão de risco.
Entretanto, ao considerar a volatilidade inerente ao setor de gestão ambiental, a exposição dos investidores pode ser subestimada.
A compra de 6,06% das ações da Ambipar por parte da XP, embora declarada como passiva, estabelece um vínculo de confiança que pode influenciar a percepção do mercado.
O colapso posterior, com desvalorização de mais de noventa por cento, evidencia que confiança institucional não equivale a blindagem contra choques de liquidez.
Além disso, a utilização de Certificados de Operações Estruturadas (COEs) vinculados à Ambipar mostrou falhas estruturais de mitigação de risco.
Portanto, recomenda-se que os gestores de portfólio reavaliem a alocação em ativos verdes à luz desses eventos.
João Paulo Jota
outubro 13, 2025 AT 15:00Olha só, os caras da XP acham que comprando 6,06% de uma empresa vão salvar o planeta, enquanto na verdade só estão colocando mais gente no funil de perdas. O melhor de tudo é que ainda tem gente comprando COE achando que é seguro. Que piada!
vinicius alves
outubro 15, 2025 AT 22:33O thing é que o beta da Ambipar colou num timeframe de alta, mas o sigma do COE explodiu. Quando o market sentiment virou bearish, a correlacao negativa se manifestou forte, gerando um drawdown absurdo.
Larissa Roviezzo
outubro 18, 2025 AT 06:06Eu juro que parece cena de filme de drama quando a gente vê a XP brilhando e depois tudo desaba tudo num segundo
É tipo aquele plot twist que ninguém pediu mas todo mundo viu
O pessoal falando de “investimento verde” e depois escorregando no lamaçal da realidade
Tá difícil segurar a lágrima aqui mas vamos que vamos
Luciano Hejlesen
outubro 20, 2025 AT 13:40💀 A XP fez cara de “tamo junto” e depois deixamos o investidor na mão, 😑 esse papo de COE “seguro” é puro lantejoula. 🙄
Marty Sauro
outubro 22, 2025 AT 21:13Olha, a gente sempre tenta ver o copo meio cheio, mas não dá pra negar que o copo tá quase vazio. Ainda bem que tem galera que acha que o fundo vai se recuperar, né? (ironia).
Aline de Vries
outubro 25, 2025 AT 04:46Vamos pensar positivo: mesmo com o desastre, ainda tem oportunidade pra quem tem visão. Não deixe o medo te travar, vale a pena estudar os relatórios de reestruturação.
Wellington silva
outubro 27, 2025 AT 12:20Primeiro, a compra da XP parecia um movimento de diversificação inteligente. Mas quando a ambipar despencou, ficou claro que o risco de mercado foi subestimado. Os COEs, que prometiam proteção, revelaram fragilidades. Em suma, a lição é que não basta confiar em branding verde; a análise de risco precisa ser profunda.
Mauro Rossato
outubro 29, 2025 AT 19:53Na cultura brasileira a gente sempre dá valor ao “verde” como símbolo de futuro, mas esquenta que esse futuro tem armadilhas. Na hora de escolher um investimento, lembra que aparência pode enganar.
Tatianne Bezerra
novembro 1, 2025 AT 03:26Galera, é hora de levantar a cabeça! Mesmo com a queda, ainda há chance de virar o jogo. Acreditem no potencial de recuperação e foquem em estratégias que realmente tragam valor.
Hilda Brito
novembro 3, 2025 AT 11:00Todo mundo aplaude a XP por “apoiar” a Ambipar, mas ninguém percebe o risco que eles estavam vendendo como se fosse balinha de goma. Essa história de COE “seguro” é pura ilusão.
edson rufino de souza
novembro 5, 2025 AT 18:33É claro que tudo isso faz parte de um plano maior. A loira da XP, os reguladores da CVM e até a própria Ambipar estão conspirando para manipular o preço das ações e encher os bolsos dos insiders. Não é coincidência que o colapso aconteceu exatamente quando o mercado estava mais vulnerável.
Bruna Boo
novembro 8, 2025 AT 02:06Olha, o hype dos COEs acabou e quem ficou no prejuízo é quem acreditou na propaganda. Não tem nada de novo, só mais um caso de promessa vazia. No fim, a gente acaba pagando a conta.
Ademir Diniz
novembro 10, 2025 AT 09:40Vamos ser realistas: precisamos de mais transparência nas garantias e nos produtos estruturados. Se cada investidor entender o risco, evitamos surpresas desagradáveis.
Luziane Gil
novembro 12, 2025 AT 17:13É isso aí, galera, seguimos firmes e fortes!
Cristiane Couto Vasconcelos
novembro 15, 2025 AT 00:46Vamos focar em soluções e deixar as críticas de lado
Deivid E
novembro 17, 2025 AT 08:20Primeiro, a XP se vangloria de ter comprado 6,06% da Ambipar como se fosse um gesto altruísta. Segundo, esse mesmo “gesto” acabou servindo de fachada para uma jogada de marketing agressiva que enganou investidores de boa‑fé. Terceiro, os COEs foram destrinchados como se fossem produtos livres de risco, quando na verdade eles continham cláusulas opaques que permitiam perdas massivas. Quarto, a CVM, supostamente vigilante, aparentemente não fez o suficiente para impedir a divulgação enganosa desses produtos. Quinto, a queda de 90,5% nas ações da Ambipar não foi só um evento de mercado, foi o resultado direto de uma estrutura de dívida mal‑gerida que foi mascarada por garantias falsas. Sexto, o papel do BTG Pactual em promover esses COEs sob o slogan “retorno da renda variável, com a segurança da renda fixa” demonstra um desprezo total pelos princípios de transparência. Sétimo, a participação da XP, ainda que declarada como “passiva”, cria um efeito de confiança que pode induzir investidores a seguir o fluxo sem fazer due diligence. Oitavo, a prática de oferecer ações da Emae como garantia para debêntures, como citado nos documentos da CVM, revela uma rede de riscos interligados que poucos investidores conseguem mapear. Nono, a lição que fica é que a “gestão ambiental” não é um escudo contra riscos financeiros; ao contrário, quando mal‑gerida, pode ser uma bomba relógio. Décimo, a narrativa de que o setor verde é tudo de bom está se mostrando simplista e perigosa. Décimo‑primeiro, precisamos exigir que reguladores imponham padrões mais rígidos para produtos estruturados. Décimo‑segundo, investidores devem buscar educação financeira para entender a real diferença entre renda fixa e variável. Décimo‑terceiro, é imprescindível que as instituições revisem suas políticas internas de análise de risco. Décimo‑quarto, o caso Ambipar‑XP deve servir de alerta para toda a indústria financeira brasileira. Décimo‑quinto, a confiança deve ser construída sobre dados concretos, não sobre slogans de marketing. Décimo‑sexto, finalmente, a comunidade de investidores deve pressionar por mais clareza nas divulgações de garantias e riscos, antes que mais casos como esse se repitam.