Lula celebra cessar‑fogo entre Israel e Hamas: "Antes tarde do que nunca"

Lula celebra cessar‑fogo entre Israel e Hamas: "Antes tarde do que nunca" out, 13 2025

Quando Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República Federativa do Brasil saudou o acordo de cessar‑fogo entre Israel e Hamas, ele comentou que é “antes tarde do que nunca”. O anúncio, feito em 11 de outubro de 2025, promete interromper os bombardeios que já ceifaram mais de 67 mil vítimas civis palestinas.

Contexto do conflito em Gaza

Desde o início da operação militar israelense em julho de 2023, a Faixa de Gaza tem sido palco de devastação. As forças de Israel avançaram lentamente, cercando a cidade de Gaza e Khan Younis, enquanto o Hamas disparava foguetes rumo ao sul de Israel. O bloqueio humanitário, aliado à escassez de água, eletricidade e medicamentos, transformou a região em uma zona de guerra prolongada.

Nos últimos meses, a pressão internacional se intensificou. A Nações Unidas lançou múltiplas resoluções pedindo a criação de corredores humanitários, mas os acordos reais sempre foram adiados por divergências sobre o desarmamento do Hamas e a garantia de segurança para Israel.

Detalhes do acordo de cessar‑fogo anunciado

O acordo de cessar‑fogo entre Israel e HamasCairo, Egito foi negociado pelos Estados Unidos sob a liderança do Donald J. Trump, presidente dos Estados Unidos, e por sua equipe estratégica composta por Steve Witkoff e Jared Kushner. A proposta prevê:

  • Interrupção imediata dos ataques israelenses a partir de 12 de outubro de 2025.
  • Libertação de todos os reféns mantidos pelo Hamas em troca da soltura de centenas de palestinos presos.
  • Retirada total das forças israelenses de Gaza City e Khan Younis até 13 de outubro de 2025.
  • Aumento significativo da entrega de ajuda humanitária pelas Nações Unidas, com corredores seguros a partir do domingo, 12 de outubro.

O Abu Ubaida, porta‑voz do Hamas, confirmou que a facção aceitará, pelo menos na primeira fase, a entrega de reféns, mas reiterou que o “desarmamento total está fora de questão”. Seu colega, Hossam Badran, afirmou à AFP que “não é negociável”.

Reação do governo brasileiro e declarações de Lula

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE), representado pelo Luiz Inácio Lula da Silva, em comunicado oficial de 11 de outubro, ressaltou a importância humanitária do acordo. O texto destacava que o cessar‑fogo “deve resultar em alívio imediato para a população civil” e exigia “acesso pleno, imediato, seguro e desimpedido da assistência humanitária e das equipes das Nações Unidas”.

Além de elogiar o gesto dos Estados Unidos, Lula reforçou a posição tradicional do Brasil a favor da solução de dois Estados, com fronteiras baseadas nas linhas de 1967, Jerusalém Oriental como capital da Palestina e garantia de segurança para Israel.

Posicionamentos de Israel, Hamas e Estados Unidos

Posicionamentos de Israel, Hamas e Estados Unidos

O primeiro‑ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi inflexível: sua campanha “não terminará até que as capacidades militares do Hamas sejam desmanteladas”. Apesar da pressão internacional, ele aceitou a pausa tática, desde que houvesse garantias de que as armas do Hamas fossem recolhidas.

Por outro lado, Donald J. Trump manteve uma postura dupla. Primeiro, ameaçou “aniquilação” caso o Hamas recusasse o plano; depois, pediu que Israel cessasse as ofensivas após um “sim ambíguo” por parte palestina. A estratégia americana, segundo analistas, buscava consolidar apoio dos países árabes ao mesmo tempo em que pressionava Israel a aceitar o acordo.

Implicações humanitárias e próximos passos

Se implementado integralmente, o cessar‑fogo abrirá corredores para a entrega de alimentos, medicamentos e materiais de reconstrução. O Cairo deverá hospedar a primeira reunião multilateral de monitoramento, envolvendo representantes da ONU, da Cruz Vermelha e observadores brasileiros.

Entretanto, ainda há questões pendentes: o futuro do controle de Gaza, a reintegração de combatentes do Hamas e a definição de um mecanismo de segurança que satisfaça tanto Tel Aviv quanto Jerusalém. A segunda fase das negociações, planejada para final de outubro, deve abordar o desarmamento e a criação de uma força de segurança interina, possivelmente composta por contingentes egípcios e palestinos.

O que esperar nos próximos dias

O que esperar nos próximos dias

Até segunda‑feira, 13 de outubro, a comunidade internacional observará a retirada efetiva das tropas israelenses de Gaza City e Khan Younis. Caso o plano seja cumprido, o Brasil, através do MRE, pretende enviar uma delegação de apoio para coordenar a distribuição de ajuda e monitorar o cumprimento dos termos.

Se as hostilidades retomarem, a pressão sobre Trump e seus aliados aumentará, e o Brasil pode ser chamado a mediar novas rodadas de diálogo, reforçando seu papel tradicional de conciliador no Oriente Médio.

Perguntas Frequentes

Como o acordo afeta a população civil em Gaza?

O cessar‑fogo permite a entrada de ajuda humanitária em corredores seguros, reduzindo a escassez de água, alimentos e medicamentos que afligiam cerca de 2,3 milhões de habitantes. Se as Nações Unidas receberem acesso total, estima‑se que 500 mil pessoas possam ser assistidas nas primeiras duas semanas.

Qual o papel do Brasil nesse processo de paz?

O governo brasileiro, através do Ministério das Relações Exteriores, atua como facilitador, cobrando o cumprimento integral das cláusulas e propondo a observação de um comitê conjunto Brasil‑Egito‑ONU para monitorar a retirada das tropas e a distribuição de ajuda.

Por que o desarmamento do Hamas ainda é um obstáculo?

Representantes como Hossam Badran afirmam que a entrega completa de armas violaria a segurança da população palestina. Israel, por sua vez, considera o desarmamento essencial para evitar novos ataques, gerando um impasse que só será resolvido na segunda fase das negociações.

Qual a importância da participação dos Estados Unidos?

A administração de Donald J. Trump liderou as conversações, oferecendo garantias de segurança a Israel e demandando concessões ao Hamas. Seu envolvimento fornece alavancagem diplomática, mas também cria expectativas de que os EUA pressionem por um acordo que reflita seus interesses estratégicos na região.

O que acontece se o acordo falhar?

Um colapso do cessar‑fogo poderia reiniciar bombardeios intensos, ampliando a crise humanitária e provocando novas ondas de refugiados. Além disso, aumentaria a pressão sobre o Congresso dos EUA para cortar o auxílio militar a Israel, fortalecendo movimentos de oposição à guerra.

1 Comment

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    Jaqueline Dias

    outubro 13, 2025 AT 23:50

    O acordo de cessar‑fogo anunciado é, sem dúvida, uma tentativa tímida de conter o caos que se instaurou em Gaza.
    Contudo, a formulação “antes tarde do que nunca” soa quase como uma desculpa diplomática para encobrir a inércia histórica.
    Enquanto a imprensa global celebra o gesto, nós, observadores críticos, devemos questionar quais interesses subjacentes motivam tal pausa.
    O papel do Brasil, tradicional mediador, parece mais decorativo do que substantivo neste momento.
    A retórica de Lula, ainda que bem‑intencionada, carece de um plano concreto para garantir a entrega sustentável de ajuda.
    As nações que realmente detêm poder logístico – os EUA, a UE e o Egito – são as que definirão se os corredores humanitários permanecerão abertos.
    É crucial que o Ministério das Relações Exteriores exija cláusulas de monitoramento rigorosas e transparentes.
    Caso contrário, o cessar‑fogo pode se revelar apenas um intervalo entre duas ondas de violência ainda maiores.
    Além disso, a questão do desarmamento do Hamas permanece um ponto morto que exige negociação sensata.
    Ignorar essa demanda significa perpetuar o risco de novos surtos de confusão armada.
    Por outro lado, a pressão interna em Israel para uma solução militar completa nunca esmorece.
    Essa dualidade cria um impasse que só pode ser quebrado por concessões mútuas e verificáveis.
    Os observadores devem, portanto, manter um olhar clínico sobre cada fase do acordo, cobrando comprovações reais.
    Uma abordagem baseada em dados, em vez de slogans, será a única bússola confiável neste mar de incertezas.
    Se o Brasil conseguir posicionar‑se como árbitro imparcial, sua credibilidade internacional será reforçada consideravelmente.
    Concluo dizendo que a esperança, ainda que frágil, merece ser nutrida com vigilância criteriosa e ação decidida.

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